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segunda-feira, 4 de junho de 2018

6º Seminário de Imprensa: A comunicação como setor estratégico na prática política sindical



“Fortalecer a comunicação sindical para enfrentar os ataques do capital”, esse foi o tema do 6º Seminário Unificado da Imprensa Sindical e do 4º Encontro dos Jornalistas Sindicais, realizado de 31/05 a 02/06, em Salvador.

O seminário, além de promover debates e palestras sobre o fortalecimento dos Sindicatos através da imprensa sindical, tratou da importância desse segmento para as políticas voltadas para a classe trabalhadora e movimentos sociais.

“Para que haja uma comunicação sindical eficiente, é necessário que haja uma ação politica da entidade sindical também eficaz, pois é a ação em conjunto que criará credibilidade com a categoria e um melhor andamento nos processos de luta por melhores condições de trabalho”, afirmou Rita Casaro, Membro do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, presente na mesa de abertura “Comunicação sindical – Fortalecer para o enfrentamento aos ataques do capital”.


Outro aspecto importante levantado na mesa diz respeito ao poder da mídia hegemônica no país ao tentar silenciar pautas e entidades que representam os trabalhadores.

“O movimento social é atacado todos os dias pela mídia hegemônica e assuntos importantes da pauta trabalhista, por exemplo, são tratados de forma tendenciosas, no entanto, o que os sindicatos estão fazendo para contrapor isso? Hoje, a mídia alternativa muito nos favorece. Ela deve ser fortalecida e não fragmentada ”, declarou a jornalista sindical Kardé Mourão, ex-presidenta do Sinjorba e ex-diretora da Fenarj.

Ao longo dos três dias de seminário, profissionais e estudantes de comunicação, dirigentes e militantes sindicais de todo o país, discutiram e trocaram experiências sobre o fortalecimento da comunicação sindical frente aos ataques do capital e de uma política neoliberal que tenta acabar com os direitos dos trabalhadores no país.

Em todas as mesas temáticas, houve o consenso de que a comunicação sindical é um segmento estratégico importante no cotidiano dos sindicatos por exercerem não só um papel de resistência frente a mídia hegemônica, como também um papel formador, que organiza e define a luta dos trabalhadores através da luta de classes e melhores condições de trabalho.

Por Bruno de Azevedo - Jornalista Sindical dos Bancários Itabuna


sexta-feira, 25 de maio de 2018

Seminário aponta que saúde do trabalhador está em risco com a Reforma Trabalhista



Por Bruno de Azevedo*

O cenário não é nada satisfatório para os trabalhadores no Brasil. Essa foi uma constatação comum a todos os palestrantes no Seminário Saúde do Trabalhador e a Reforma Trabalhista, realizado na tarde de ontem (24/05), no auditório da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), em Itabuna.

A coordenadora da Procuradoria do Trabalho do município, Drª Marselha Silverio, primeira palestrante do dia, questionou a desculpa dada pelo governo para a implantação da Reforma Trabalhista e classificou os motivos que levaram a sua promulgação como uma falácia.

“Os motivos dados pelos governantes para a implantação da Reforma Trabalhista foi de melhoria e ampliação da oferta de emprego. No entanto, agora, seis meses depois de implantada, os dados mostram que tais motivos eram uma falácia. O questionamento que fazemos é ‘a quem interessa uma reforma que agride bruscamente os direitos dos trabalhadores’?”, questionou.

Segundo o MTE, após seis meses de implantação da Reforma Trabalhista, houve uma queda de 1,2% de pessoas que trabalham com carteira assinada. Isso significa que 408 mil pessoas perderam seus empregos e, agora, vivem desempregados ou na informalidade.

Outro dado preocupante demonstrado, diz respeito aos acidentes de trabalho que podem aumentar drasticamente com essa reforma. De acordo com o MTE, baseado nos dados fornecidos pelo INSS, foram registrados de 2012 até hoje, cerca de 4.120.581 acidentes de trabalho. Isso equivale a um acidente a cada 48 segundos. Em Itabuna, são 1.084 acidentes com 13 mortes.

“As leis trabalhistas são umbilicalmente ligadas à saúde do trabalhador. O trabalho é uma forma do ser humano ter um meio de vida e não um meio de morte. Mas, infelizmente, os dados estão provando o contrário”, lamentou.

Outro ponto abordado pela Drª Marselha, diz respeito à terceirização, que está ligado tanto ao aumento dos acidentes de trabalho, como supracitado, como à precarização das condições de trabalho. De cinco trabalhadores mortos, quatro são terceirizados.

“Do ponto de vista do MTE, a terceirização sem limites gera uma precarização que se reflete numa maior rotatividade contratual, na redução da remuneração, como também no aumento da jornada trabalhista. Um absurdo!”, afirmou.

“A Reforma Trabalhista causa um impacto profundo na saúde do trabalhador e as pessoas ainda não se deram conta disso. A orientação do MTE é que haja resistência, pois todos esses dados tendem a piorar com essa reforma”, declarou.


 A segunda palestra foi proferida pelo técnico em segurança do trabalho, Luciano Martins, que falou da importância da CIPA no ambiente de trabalho, além da conscientização do trabalhador no seguimento das normas de segurança das empresas.  

“A CIPA tem como objetivo a prevenção dos acidentes de trabalho, com a criação de mapas de risco setoriais, dentre outros métodos. No entanto, essa é uma ação conjunta com os técnicos de segurança de trabalho que devem ter a compreensão, sobretudo, do próprio trabalhador, que não aceita e não segue as normas de seguranças indicadas pelos profissionais da CIPA”, informou.  

A especialista em Enfermagem do trabalho e coordenadora do Cerest/Itabuna, explicou quais são as ações do centro de referência na cidade, bem como quais são as demandas cabíveis pelo órgão na promoção do bem-estar do trabalhador na cidade.

O seminário foi encerrado pelo Técnico do Cerest, Wagner Wilson, que tratou da importância do preenchimento correto da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

“Esta foi uma tarde de muito aprendizado e de muita preocupação, também. Os palestrantes demonstraram que a situação do trabalhador não está fácil frente a esta reforma e é preciso salvaguardar a saúde do trabalhador para que este desempenhe suas atividades com conforto e segurança”, afirmou a coordenadora da Cist/Itabuna, Liamara Bricídio.  

*Bruno de Azevedo é jornalista, assessor de imprensa do Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região, mestrando em Letras Linguagens e Representações da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).



quinta-feira, 22 de março de 2018

FSM 2018: Um mar de diálogo e resistência



Por Bruno de Azevedo*

Quem teve o privilégio de participar do Fórum Social Mundial 2018, realizado este ano em Salvador, pôde se aventurar no mar agitado e revolto da resistência.

E não pensem que o cenário tempestivo das ondas era acompanhado do céu escuro e das nuvens densas; a pictografia do fórum representava a agitação alva da esperança de um novo amanhecer, em que as batidas constantes das ondas desenham as rochas à beira da praia. Metáfora simples que descreve a persistência contínua e natural do enfrentamento com os obstáculos da vida.

Durante cinco dias, pessoas de diversos países se reuniram na capital baiana com o objetivo de compartilhar experiências, de mostrar sua cultura, de conhecer o novo, de serem vistos e ouvidos como cidadãos que habitam um mundo que os veem como produto, ou até mesmo, não os veem.

Em muitos países, assim como no Brasil, o negro, a mulher, o índio, o LGBT, ou qualquer indivíduo que não pertença à classe branca abastada, está relegada ao canto da sala, aos porões dos navios, ao esquecimento. Vozes são caladas e vítimas são silenciadas por sistemas que teimam em classificar o humano não como um ser social, mas como um ser que produz.

Talvez essa tenha sido as razões de se escolher o tema “Resistir é criar, Resistir é transformar”. E, hoje, mediante a tanto ódio gratuito e tanta violência com o “diferente”, é necessária a resistência, sobretudo, a que gere transformação social.

Engana-se, no entanto, que esta transformação seja conquistada individualmente. O coletivo é que faz a diferença.

No fórum, presenciamos laços serem feitos por diferentes pessoas que habitam distintos lugares, mas que comungavam de semelhantes ideias. Projetos culturais, artísticos e sociais serem idealizados a partir do debate nas mesas de comunicação. Palestras, amostras e discursos voltados ao diálogo e a liberdade.

O lugar de fala nunca foi tão debatido e reivindicado. Não se quer mais a representação feita por outro, muitas vezes rasa e caricata. Se almeja o espaço do poder dizer, do poder falar, do poder ser. 
Não importa as lacunas ou os abismos sociais que separam os indivíduos. O segregacionismo irracional nunca leva a nada.

O Fórum Social Mundial deste ano reforçou a luta pelo diferente, que resiste, que cria e que transforma.

Lutar é preciso e resistir às intempéries é essencial na busca por igualdade de direitos e por uma sociedade justa e democrática. Avante!


* Bruno de Azevedo é jornalista, assessor de imprensa do Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região, e mestrando do PPGLLR da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).


quarta-feira, 23 de março de 2016

O reino da intolerância e da segregação


Vivemos, hoje, um caos político, econômico e social.

Vemos, hoje, políticos que se esqueceram do real valor de exercer um mandato político. Governar com o povo e para o povo, tornou-se uma utopia.

Vemos, hoje, mídias e formadores de opiniões, que se esqueceram do real significado de informar. Imparcialidade e compromisso com a ‘verdade’, tornou-se uma utopia.

Vivemos, hoje, com medo de nos expressar com liberdade e altivez. Isso porque as pessoas não costumam respeitar as opiniões das outras.

É mais fácil excluir aquele que têm uma opinião diferente da nossa do que aceitar e conviver com ela.
A intolerância e a segregação sempre serão os caminhos mais fáceis.

Por que não aceitar opiniões e discursos diferentes uma vez que os próprios indivíduos são distintos?
Percebo, hoje, em meio ao caos citados anteriormente, que a maioria das pessoas não conseguem manter um diálogo civilizado quando o assunto é política.

“Política e religião não se discute”, por que não?

O diálogo com bases concretas e argumentos sólidos são enriquecedores. Afinal, não podemos obter uma posição crítica daquilo que não conhecemos.

Percebam que eu utilizei a expressão ‘posição crítica’ e não o verbo ‘criticar’. O primeiro é adquirido com leitura, estudo e conhecimento, já o segundo, é formado por juízo de valor.

No entanto, o indivíduo raso, aquele que não procura se informar afundo dos assuntos, sempre procura criticar aquilo que é adverso.

Enfim, continuamos vivendo sobre o caos. Mas será que continuaremos intolerantes com as opiniões das pessoas? Até quando?

Segregar? Até quando?

O melhor de ser diferente é aceitar as diferenças.


Fácil, não é. Difícil, nem tanto. Impossível, bom, isso depende de vc!

Texto de Bruno de Azevedo

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Especial é ser diferente

O mês de novembro se apresenta com uma dualidade que considero triste: é o mês de comemoração do Dia da Consciência Negra; mês da tragédia em Mariana (MG), além dos atentados em Paris, capital da França. Comemoração e lamentação em um único mês. Um novembro negro.

O Dia da Consciência Negra, instituída no Brasil em 2003, é celebrado no dia 20 por coincidir com a morte de Zumbi dos Palmares, e tem como objetivo remeter à resistência do negro contra a escravidão de forma geral. Um dia de reflexão.

Contudo, precisamos de dias assim para lembrar a sociedade que todo ser humano merece respeito? Precisamos.

O preconceito ainda é uma chaga social. Uma ferida que dói àqueles que são oprimidos, humilhados, repudiados e até mortos por serem ‘diferentes’.

O preconceito é um termômetro que marca a indiferença, a intolerância e por que não dizer, a falta de sabedoria. Mostra quanto o ser humano está distante de viver em harmonia com o próximo, com as diferenças do próximo.

Sim, nós não somos todos iguais. Somos seres distintos. Que bom!

São nessas diferenças, psíquicas, psicológicas, físicas, culturais...que podemos encontrar a interessante essência de sermos, apenas, humanos. Seres frágeis, com prazo de validade corpóreo datado desde o nascimento, mas que são capazes de atos terríveis.

Quando não se aceita as diferenças do próximo, o homem bate, humilha e mata. Quantas pessoas já morreram e quantas ainda vão morrer por conta da tal diferença? Quantos atentados serão planejados e irão acontecer para que o mundo desperte para a realidade de se preservar a vida?

São questionamentos...apenas questionamentos de alguém que também está aprendendo a conviver com o diferente.

Talvez, se vivêssemos em igualdade, não precisaríamos de “Dias de Consciências”, mas sim, de dias de celebração à vida. A todas elas.


Não encontraremos paz na igualdade. Encontraremos a felicidade na alegria de se conviver com as diferenças!

Texto de Bruno de Azevedo

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Não importa a tragédia: Vidas são vidas!

Tenho acompanhado perplexo as tragédias dos últimos dias, mas duas, em especial, vem comovendo e perturbando as redes sociais: o rompimento de duas barragens que causou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais; e os atentados em Paris, capital da França.

Até então, duas horríveis tragédias que merecem a atenção, a mobilização e para quem crê, as orações de todos.

No twitter a hastag #PrayForParis ficou no topo dos trend topics. Artistas, jornalistas, civis...todos prestaram sua homenagem a cidade luz pelas mais de 120 mortes do atentado reclamado pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

O Facebook criou um aplicativo que muda as cores da foto do perfil do usuário em homenagem à França e, logo, muitos usuários trataram de aderir o movimento.

No entanto, aqui no Brasil, algumas pessoas ficaram incomodadas por esta atitude. Mudar a foto do perfil pessoal com as cores da França e não para as cores verde-amarelas virou motivos de críticas de alguns usuários.

“Eu não vi nenhum francês mudar colocar as cores do Brasil em seu perfil”, escreveu um usuário.

“Não vou aderir essa modinha ridícula”, escreveu outro.

E assim, diversas pessoas defenderam ou acusaram tais atitudes nas redes sociais.
Mas cá com os meus botões refleti: E a preocupação com as vidas que foram perdidas em ambas as tragédias? Onde está? Cadê a sensibilidade de pensar, ou se colocar no lugar das diversas famílias que no Brasil e na França tiveram arrancados seus pais, filhos, filhas, mães...?

Mudar ou não as cores do perfil não trará a vida de ninguém de volta. Criticar tampouco.
Como cristão devo voltar as minhas orações a todos que perderam sua vida e a todas as famílias das tragédias ocorridas. Como cidadão, contribuir com o que posso para minimizar os danos das pessoas em meu país.


Humildemente, penso que não temos a capacidade de mensurar qual tragédia foi maior, ou a que nacionalidade ela pertenceu. Afinal, vidas são vidas. E são elas que devem ser preservadas!

Texto de Bruno de Azevedo